Diálogo Saudável - Tuberculose ganglionar e doenças relacionadas à baixa imunidade
CRISTINA: Olá! Estamos começando mais um Diálogo Saudável, da Unimed Curitiba.
Eu estou aqui com o médico cooperado Moacir Pires Ramos, infectologista e epidemiologista.
MOACIR: Isso.
CRISTINA: O senhor pode falar sobre tuberculose, que é o tema de hoje.
A gente escolheu esse assunto por causa do caso recente de uma cantora sertaneja.
A gente não imagina, às vezes, alguém que está em uma atividade tão grande quanto a de um cantor, contrair uma doença como a tuberculose.
E ela foi diagnosticada com tuberculose ganglionar. É comum isso acontecer?
MOACIR: Pois é, essa é uma boa oportunidade para conversar sobre uma doença que está circulando no Brasil e não é tão incomum.
CRISTINA: A gente acha que, porque está vacinado, está livre.
MOACIR: Pois é, e essa é uma questão importante, porque a vacina para a tuberculose, que é a chamada vacina BCG, que a gente toma ao nascer
CRISTINA: Criança, né?
MOACIR: Isso. Ela defende apenas contra manifestações muito graves da tuberculose, que são a meningite tuberculosa ou a tuberculose disseminada, mas ela não evita que a tuberculose possa ser reativada.
Então, realmente, há esse problema de informação.
As pessoas acham que a tuberculose desapareceu. Não, ela continua.
CRISTINA: Que cuidados a gente precisa ter já que não desapareceu e que a vacina não nos previne contra todas as formas de tuberculose?
MOACIR: É importante nessa hora fazer um comentário sobre qual é a diferença entre a tuberculose que as pessoas estão habituadas a pensar, alguém tossindo durante muito tempo, normalmente mais de três semanas, emagrecendo.
E a tuberculose, nessa forma, vamos chamar assim clássica, ela é transmitida pelas gotículas de saliva, a bactéria está nessas gotículas.
Essa é a forma clássica, pulmonar.
Mas a tuberculose também pode ter uma disseminação no corpo, quando você se expõe a ela pela primeira vez e essas bactérias ficarem latentes, guardadas.
Conforme a sua imunidade flutua, se você tiver uma imunidade que cai muito, ela pode se reativar, e se reativar em outros órgãos.
A mais frequente delas é nos gânglios, como aconteceu.
CRISTINA: Que foi o que aconteceu com a Simaria.
E aí, antes de a gente falar de imunidade, da baixa imunidade, que está por trás disso, como tratar? Tem tratamento, né?
MOACIR: Tem tratamento. Vamos dizer assim, 41 00:02:51,900 --> 00:02:54,900 como perceber que está com tuberculose nesses outros órgãos?
Febre contínua. Não é febre alta. 37, 38 graus, um pouquinho mais, continuamente, às vezes por meses.
CRISTINA: Aquela que não baixa nem com...
MOACIR: Não, ela flutua. Ela baixa, mas volta, baixa e volta.
E emagrecimento, suores profusos. Não é qualquer suor, é suor de molhar roupa.
E na tuberculose ganglionar, os gânglios, que são massas de tecido de defesa, que temos no pescoço, nas axilas, eles crescem, eles ficam aumentados.
CRISTINA: Então dá para sentir, colocando a mão aqui a gente sente?
MOACIR: Dá para perceber, isso.
Essa tuberculose é tratada exatamente igual à tuberculose clássica, pulmonar.
Existe uma associação de quatro antibióticos, que funcionam contra o bacilo, e que a gente deve usar sistematicamente durante seis meses de tratamento.
CRISTINA: E aí, claro, o doente e quem também não foi acometido pela doença têm que cuidar da alimentação por conta da questão da imunidade, né?
MOACIR: Isso. A imunidade, embora a gente use em termo geral, a gente tem três sistemas imunológicos dentro do corpo que se complementam.
E a imunidade específica da tuberculose é uma parte dela, e que é muito influenciada pela alimentação e pelo cansaço físico exacerbado.
CRISTINA: Que vem do quê, de falta de sono, regularidade mesmo do sono?
MOACIR: De um desgaste físico sem recuperação, sem o prazo de recuperação.
Mesmo o estresse, o estresse a que você possa ser submetido em um dia de trabalho muito intenso.
Se você tem o fim de semana para relaxar...
CRISTINA: Mas e aquelas pessoas, que são a maioria hoje em dia, que não desligam nunca?
MOACIR: Esse é que é o problema, não desliga nunca, tem um desgaste físico muito intenso, sem tempo de recuperação, e com uma alimentação descuidada, particularmente na parte proteica. Os anticorpos são proteínas.
CRISTINA: E aí, doutor, queria entrar nesse risco de ter essa queda na produção de anticorpos, nessa queda no mecanismo de defesa, na imunidade, que é a gente contrair outras doenças. Pode ser o caso da tuberculose, como já conversamos, mas outras doenças, doenças de pele, a gente tem até a questão de aumento de oleosidade na pele, que está por trás da baixa imunidade, né?
MOACIR: Se você estiver com a sua saúde bem, o que acontece, você pode até pegar gripe, mas você reage bem a ela. Vai ficar uns dois, três dias meio de cama, sofrer um pouquinho, mas reage bem e recupera.
CRISTINA: Mas se recupera, né? O organismo tem essa forma de recuperação natural.
MOACIR: Isso. Agora, se você já não está bem organicamente e pega uma virose dessa, você tem uma resposta prejudicada.
CRISTINA: Aí é uma porta para outras doenças, às vezes, até mais graves.
MOACIR: Sem dúvida.
CRISTINA: Como se prevenir? O senhor vai falar para se alimentar bem.
MOACIR: Alimentar-se bem é comer de forma regrada, distribuindo os alimentos, proteínas, carboidratos, vitaminas.
Não é comer demais, mas é comer de forma saudável.
CRISTINA: Aquilo que os nutricionistas sempre nos dizem, prato colorido.
MOACIR: Exatamente.
CRISINA: Que tem todos os nutrientes ali, nas cores dos alimentos.
MOACIR: E, particularmente, não restringindo um alimento, no nosso caso, as proteínas.
As proteínas são muito importantes na alimentação.
Na realidade, o que a gente quer não é uma dieta que faça emagrecer em uma semana, mas uma reeducação alimentar que faça você manter um peso adequado de forma contínua. Isso é muito mais interessante.
Além de, logicamente, ter um repouso adequado, de equilibrar atividade física com repouso, estresse com recuperação.
Essas questões todas são importantes para manter uma vida saudável.
CRISTINA: Então está aqui a receitinha, vamos cuidar da imunidade, até porque o inverno está chegando.
A gente tem uma batalha com o clima para enfrentar, o organismo está todo dia lutando contra agentes externos.
MOACIR: Perfeito. E, além disso, além de cuidar da saúde, cuidar com aquelas questões básicas de higiene, a gente sempre insiste, como lavar as mãos, o álcool 70%, isso é muito importante, ainda mais agora nesse período de inverno.
CRISTINA: Então, se você gostou desse Diálogo Saudável, compartilhe com os amigos, leve a informação adiante para mais gente enfrentar o inverno, e as outras estações também, mais prevenido.
Queria agradecer, doutor, pela sua participação aqui conosco.
E nós também esperamos receber a sua dúvida.
Deixe aqui nos comentários que você tem sobre essas e outras questões de saúde que a gente vai responder.
Afinal, cuidar da saúde faz a vida valer a pena.