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Por que alguns animais comem cocô? | Minuto da Terra

Nós humanos adoramos comidas estranhas, mas uma coisa que quase nunca comemos é cocô, seja porque temos nojo ou porque aprendemos que ele tá cheio de doenças.

Mas para muitos animais, as fezes são um item comum do seu cardápio - em parte porque o cocô não é assim tão perigoso quanto pensamos.

Claro, o cocô de alguém doente pode conter bactérias, vírus e parasitas causadores de doenças e contaminar quem o tocar, mas um cocô saudável geralmente contém apenas água, bactérias inofensivas, alimentos não digeridos, resíduos metabólicos e células mortas.

Centros de Controle de Envenenamento consideram a ingestão acidental de cocô - humano ou não - como minimamente tóxica, e alguns médicos chegam até a prescrever pílulas de cocô de pessoas saudáveis para combater infecções mais severas do intestino.

Além disso, como o processo digestivo normalmente não consegue extrair todos os nutrientes da comida, o cocô é nutritivo!

Herbívoros, por exemplo, deixam 30% dos nutrientes da sua refeição no seu cocô.

Como resultado, besouros e moscas se alimentam quase que exclusivamente dos nutrientes do cocô de outros animais.

Por milhares de anos os seres humanos construíram seus banheiros sobre chiqueiros de porcos, pois eles conseguem obter quase todos os nutrientes que precisam do cocô humano.

Cães costumam cheirar todo cocô que aparece pela frente, e pode ter certeza que eles vão usar esse poderoso olfato para farejar um cocô fresco que tenha vitaminas ou enzimas que eles precisam.

E alguns animais catam nutrientes que sobraram do seu próprio cocô com certa frequência.

Por exemplo, quando gorilas se alimentam de sementes muito duras, suas bactérias intestinais conseguem amolecê-las, mas não extrai todos os nutrientes.

Então, quando a vida tá difícil, os gorilas comem seu próprio cocô para absorver a gordura e sódio das sementes.

Já o Casuar-do-sul se alimenta de uma fruta tão grande e o seu aparelho digestivo é tão pequeno, que pedaços inteiros da fruta saem no seu cocô.

E aí você já deve imaginar o que ele faz em seguida, né?

Outros animais são obrigados a comer seu próprio cocô.

Os coelhos, por exemplo, comem o mesmo que outros ruminantes, como as vacas.

Mas elas têm um sistema digestório longo, o que dá aos micróbios tempo para decompor as células vegetais, e os coelhos não.

Então, depois de uma gostosa refeição a base de plantas, eles produzem um cocô coberto de muco, que contém o alimento parcialmente digerido e os micróbios encarregados dessa digestão.

Em seguida, eles comem isso de volta, para recuperar os nutrientes perdidos e trazer os micróbios de volta para suas entranhas.

E só então o coelho faz cocô de verdade.

Os coalas também precisam comer seu próprio cocô.

Quer dizer, o cocô da mãe deles.

A alimentação dos coalas é a base de folhas de eucalipto, que são fibrosas e tóxicas, e os bebês não nascem com as bactérias necessárias pra essa refeição.

Então, por várias semanas, o bebê só come uma papa que nada mais é do que um cocô macio e verde cheio dessas bactérias, que a mamãe coala prepara especialmente para seu filhote.

Essa papa fornece os nutrientes e micróbios necessários para que ele consiga digerir seu futuro alimento.

Ou seja, quando o assunto é papinha de bebê coala, esse número dois, vem em primeiro lugar.