Dominion (2018) - full documentary [Official]
"Dos bichos que desdenhamos como desalmados,
Na floresta, no campo e na cidade
O grito se eleva nos atestados
De desumanidade da humanidade"
As imagens contidas neste filme não são casos isolados.
Todo material, salva indicação contrária, foi filmado na Austrália, mas, na maioria dos casos, representa os padrões industriais em todo o mundo ocidental.
A maioria das pessoas considera-se amante dos animais.
Os reconhecemos não como objetos, mas como seres complexos com quem dividimos o planeta, nossas vidas, nossos lares.
Sentimos prazer no prazer deles, nos angustiamos pela dor deles, celebrando sua inteligência e individualidade quando os acolhemos em nossas famílias, ou quando os reverenciamos em seu elemento natural.
O pensamento de desnecessariamente lhes causar mal ou sofrimento é, para muitos, intolerável.
Então, para aqueles que nos alimentam, vestem ou entretêm, escolhemos seguir uma narrativa que minimiza ou elimina inteiramente o sofrimento deles: a pitoresca fazenda familiar e o icônico fazendeiro carinhoso.
Um fim humano e indolor, um preço pequeno pago com prazer por uma vida bem vivida.
Um acordo de benefício mútuo.
Escondidos por essa narrativa, longe de vista, longe da memória, eles deixam de ser indivíduos, muitos conhecidos apenas como rebanho; unidades descaracterizadas de produção num sistema de escala incompreensível, isento das leis contra maus-tratos que protegem nossos animais de estimação.
Seu sofrimento, oculto e abafado.
Seu valor, determinado apenas por sua utilidade para a humanidade, racionalizada por uma crença em nossa própria superioridade e pela noção de que poder é direito.
Uma noção que se deve questionar.
DOMÍNIO
PORCOS
Usados para alimentação, entretenimento, pesquisa
Abatidos anualmente para alimentação
Austrália: 4,9 milhões
Reino Unido: 11 milhões
EUA: 118 milhões
Nova Zelândia: 0,6 milhões
Canadá: 21 milhões
China: 715 milhões
Na década de 1960, havia cerca de 50.000 fazendas de suínos na Austrália.
Hoje, há menos de 1.400, e, ainda assim, o número total de porcos criados e abatidos para alimentação tem aumentado.
Em 2015, 49 fazendas hospedavam 60% da população total de porcos no país.
A maioria dos porcos criados para comida começa sua vida numa cela parideira, uma pequena baia com uma gaiola central, feita para permitir que leitões se nutram da mãe, a porca ou “matriz”, enquanto se impede que ela se mexa.
A frequência de leitões natimortos ou mumificados geralmente aumenta com cada gestação, enquanto os corpos das porcas se tornam menos capazes de aguentar os grandes números de leitões por gestação estimulados pela indústria.
10-18% dos leitões que conseguem nascer vivos não chegam à idade de desmame, por sucumbirem a doenças, inanição ou desidratação, ou por serem acidentalmente esmagados pelas mães trancafiadas.
Incluídos na taxa de mortalidade, os rejeitados são considerados economicamente inviáveis e mortos por funcionários.
Aqueles que sobrevivem os primeiros dias são mutilados sem anestesia, seus rabos e dentes amputados para reduzir canibalismo. e pedaços são cortados de suas orelhas ou etiquetados para identificação.
Eles são retirados das mães com 3-5 semanas de vida.
A maioria é destinada ao matadouro cerca de 5 meses depois.
Enquanto crescem, eles são levados a celas de terminação, abarrotados em seus próprios dejetos.
Algumas porcas são mantidas para substituir outras fêmeas no ciclo de gestação, cuidadosamente selecionadas por sua suposta habilidade de produzir grandes ninhadas.
A maioria das fazendas de porcos utiliza inseminação artificial em vez de acasalamento, por permitir a fecundação de até 30-40 matrizes por um único porco.
Funcionários coletam o sêmen por masturbação induzida e o inserem nas matrizes por um cateter conhecido em inglês como “pork-stork”.
Os machos ainda servem para fisicamente excitar as fêmeas antes da inseminação, mas são impedidos de copular de fato.
Quando tem a gravidez confirmada, a matriz é levada para um de dois tipos de confinamento durante todas as 16 semanas de gestação.
Celas de gestação são jaulas individuais nas quais, assim como nas celas parideiras, porcas conseguem andar apenas um ou dois passos para frente ou para trás, sem conseguir se virar.
Apesar da gradativa retirada pela maioria das fazendas de suínos na Austrália, as celas de gestação continuam inteiramente legais, sem penalidades pelo confinamento das porcas nelas por mais do que o limite voluntário de 5 dias.
Isto se assemelha à aparente “proibição” de celas de gestação na União Europeia que, na verdade, permite até 4 meses nelas por gestação.
Quando dados a escolha, porcos vão ao banheiro longe de onde dormem e comem.
O extremo confinamento tem alto custo psicológico.
A alternativa, alojamento compartilhado, deixa as porcas grávidas abarrotadas em pequenas baias de concreto.
A falta de espaço e estímulo pode causar agressividade nos porcos.
Os que caem no sistema de efluentes, pelas fendas no piso, são deixados à morte por fome ou por asfixia no rio de sujeira.
Uma semana antes de parirem, elas seguem para as celas parideiras, onde ficarão pelas próximas 4-6 semanas.
Incapazes de exercício, os músculos da porca enfraquecem a ponto de ela ter dificuldade de levantar ou deitar...
Para minimizar o desperdício, funcionários a forçam a levantar-se pelo menos uma vez diariamente.
Ela desenvolve hematomas nas superfícies duras…
Ou prolapsos e infecções pela tensão física de repetidos partos e de condições precárias…
… que também podem levar a paralisia parcial, impedindo-a de chegar a água e comida na frente da baia…
… ou mesmo levando-a à morte na cela.
Ela vê indefesamente seus filhos adoecerem e morrerem, ou serem mutilados e abusados pelos funcionários até que lhe sejam levados.
Ela aguenta este ciclo mais quatro vezes por dois anos antes de sua substituição e envio para abate, ou sua morte e descarte no próprio local.
O termo “criação extensiva” simplesmente significa que os suínos nascem fora, em casinhas, mas depois passam o resto de suas vidas em galpões, enfrentando os mesmos problemas de lotação, saúde e comportamento que em qualquer fazenda de suínos, enquanto vivem até os joelhos em sua própria sujeira.
Capazes de viver 10-12 anos, a maioria dos suínos são mortos com apenas 5-6 meses, amontoados em caminhões desde a fazenda por longas distâncias até o abatedouro, sem comida, água ou proteção do calor e do frio.
No abatedouro, eles esperam em pequenas baias de concreto ou metal, geralmente da noite para o dia, ainda sem comida e com pouco ou nenhum acesso a água.
Pela manhã, eles são pastoreados a força até a sala de matança, geralmente com um bastão de choque.
O método mais comum de atordoamento e matança de suínos na Austrália, usado em todos os grandes abatedouros e divulgado como a opção mais “humana” e eficiente, é a câmara de dióxido de carbono.
Um sistema de gaiolas rotativas desce os porcos plenamente acordados, dois a três por vez, no gás densamente concentrado que começa a queimar seus olhos, narinas, cavidades, garganta e pulmões enquanto os sufoca.
Concentrações menores de dióxido de carbono causariam menos dor e estresse, mas demorariam muito mais para deixar os porcos inconscientes, tornando isto economicamente inviável.
Matrizes são levadas às gôndolas da câmara uma a uma.
Pelo tamanho delas, o gás tem menos efeito, com algumas saindo parcialmente conscientes.
Nestes casos, elas podem também ser eletrocutadas depois.
Revirados no outro lado da câmara, os porcos têm suas gargantas cortadas e sangram até o fim.
O atordoamento elétrico, usado em matadouros menores, tem uma chance muito maior de falha.
Amperagem incorreta, posicionamento da pistola e tempo de aplicação, ou erro na celeridade da jugulação, podem levar o porco a ficar meramente paralisado e imóvel enquanto ainda capaz de sentir dor, ou acordando enquanto sangra.
Piscares e respiração ritmada são fortes indicadores de consciência.
Um por um, eles são retirados na frente do outro.
Pistolas de dardo cativo são outra opção utilizada por matadouros menores.
A variação penetrante atira um êmbolo pelo crânio do animal para danificar permanentemente seu cérebro, impedindo-o de recuperar a consciência, enquanto pistolas pneumáticas transmitem um trauma de força bruta similar a um martelo.
O atordoamento eficaz exige que a pistola esteja inclinada e posicionada na parte correta da cabeça, que é frequentemente difícil quando não se prende a cabeça.
Por testemunhar a morte de seus companheiros de ninhada em sua frente, ou por cheirar o sangue no chão, os porcos relutam em entrar no box de atordoamento.
A pistola de êmbolo é ainda menos eficaz em suínos maiores, como porcas.
Para elas, um rifle pode ser usado como uma alternativa.
Neste caso, a precisão é ainda mais difícil.
Após a sangria, os porcos são derrubados em tanques de água escaldante para amolecer sua pele e remover cerdas e pelos.
Aqueles que não foram adequadamente atordoados finalmente morrem afogados.
Os resíduos - peles, ossos, cascos, vísceras e gordura - são encaminhados à graxaria para virarem banha (ou sebo) para uso em alimentação, sabões, lubrificantes, biocombustíveis ou em outros produtos como gelatina.
Porcos selvagens foram introduzidos na Austrália com a Primeira Frota e agora ocupam apor volta de 40 por cento do país, majoritariamente em Queensland e Nova Gales do Sul.
A prática de “caça ao porco” envolve o treino agressivo de cachorros por caçadores para rastrear, perseguir e espancar porcos vivos, mantendo-nos presos até que os caçadores possam alcançá-los e ceifá-los com uma faca.
Apesar de porcos selvagens serem reconhecidos uma praga, não é incomum caçadores soltarem leitões em parques nacionais para que eles possam voltar depois e os caçar.
GALINHAS POEDEIRAS
Usadas para alimentação
Para galinhas poedeiras, a vida começa no incubatório.
Ovos coletados das aves matrizes são guardados, incubados e chocados por 31 dias.
Os pintos machos e fêmeas são separados em diferentes correias transportadoras.
Aqui no maior incubatório da Austrália, eles foram geneticamente modificados para que os machos tenham cor diferente das fêmeas, permitindo seleção rápida.
Incapazes de produzir ovos e com raça diferente dos frangos usados para carne, os pintos machos são considerados descarte, assim como toda fêmea supostamente deformada ou fraca.
Elas são classificados numa esteira diferente das fêmeas saudáveis no primeiro dia de vida e enviadas para um triturador industrial chamado de macerador.
Esta prática é legalizada e considerada humana pela RSPCA.
Incubatórios menores podem usar dióxido de carbono ou simplesmente sufocar os pintos em sacas plásticas.
Todos os sistemas comerciais de ovos - granja, confinamento semi-intensivo, caipira, orgânico, criação humanitária - envolvem a matança de pintos machos, ao total de aproximadamente 12 milhões por ano na Austrália.
Enquanto isso, as fêmeas saudáveis seguem para máquinas dolorosas de debicagem.
Galinhas são debicadas para minimizar os danos que possam fazer umas às outras no confinamento dos aviários.
As pintainhas são então abarrotadas em bandejas e levadas para aviários criadouros, onde elas ficam por mais 4 meses até que comecem a postura de ovos.
Um pequeno número de machos são poupados do triturador para servir na seleção das galinhas como matrizes, botando e fertilizando os ovos no incubatório.
As outras galinhas são enviadas para outras granjas de ovos em todo o país.
Em torno de 2/3 dos 18 milhões de galinhas poedeiras, em qualquer momento na Austrália, são alojadas em gaiolas-pinteiro.
Cada galpão pode conter até 100.000 galinhas, com 4 a 20 por jaula, com cada galinha permitida um espaço menor do que uma folha A4.
Elas não conseguem abrir as asas ou expressar quaisquer comportamentos naturais, como tomar banho de areia, empoleirar-se e ciscar.
Devido a décadas de manipulação genética e cruzamento seletivo, elas conseguem botar um ovo quase todo dia ou até 330 por ano, comparados aos 10-15 que uma galinha selvagem botaria.
Quando envelhecem, o ambiente precário e o estresse físico da postura recorrente exigem muito da saúde delas, como indicado pela perda gradual das penas e uma crista cada vez mais pálida, indicativa de anemia.
Mortes dentro das gaiolas são comuns e, devido ao tamanho das instalações, passam facilmente despercebidas por longos períodos, forçando as sobreviventes a viverem em cima das carcaças em decomposição.
Sistemas mais modernos de gaiolas coletam as fezes em esteiras debaixo das grades, enquanto sistemas mais antigos permitem que elas se acumulem embaixo.
Aves que conseguem escapar das grades ficam à espera da morte nestas fossas de estrume.
Aos 18 meses de idade, após viverem nas gaiolas por mais de um ano, sua produção de ovos diminui o suficiente para serem consideradas “esgotadas”.
Elas são “despovoadas” - retiradas das gaiolas e encaixotadas em bandejas, frequentemente com fraturas ósseas pelo manejo grosseiro.
"Com que frequência os bicos quebram?" .
"Toda vez que pego uma tá quebrado." .
"Toda santa vez." .
"Para de bater a asa ou vou quebrar sua perna!"
Elas são sufocadas com gás e enterradas ou revendidas, ou enviadas para abatedouros e substituídas por novas galinhas de 4 meses.
Até 2016, não havia padrões nacionais do que poderia ser considerado “ovo caipira”.
Agora, as fazendas livres são limitadas a uma densidade externa de 10,000 galinhas por hectare - uma por metro quadrado - apesar de ainda passarem a maior parte do tempo abarrotadas em grandes galpões.
Galinhas naturalmente criam e vivem em uma hierarquia social chamada de ordem de bicada, mas só conseguem reconhecer em torno de 100 outras galinhas.
Nos galpões e pastos com milhares de outras aves, sua incapacidade de manter esta dominância acaba em caos.
As aves fracas são assediadas sem escapatória.
Doenças espalham-se rapidamente.
Uma epidemia de gripe aviária numa fazenda de ovo caipira em Nova Gales do Sul, em 2013, atribuída a patos selvagens, levou ao sacrifício de mais de 400,000 galinhas de cativeiro.
Muitas das fazendas maiores de criação livre também têm fazendas de confinamento no mesmo terreno, com os ovos das duas terminando no mesmo galpão de empacotamento.
Uma análise de 2009 com dados da Associação do Ovo indicou que até um em seis ovos vendidos como “caipira” vieram de galinhas em gaiolas ou galpões.
Assim como em fazendas de confinamento, galinhas caipiras são levadas para o abate a partir dos 18 meses de idade, muito menos que sua expectativa de vida natural de 10 anos.
No matadouro, as galinhas são penduradas de cabeça para baixo numa fila em movimento.
Elas são afogadas em banho de água eletrificada para as paralisar antes de cortarem suas gargantas com uma lâmina automática.
Mas, se levantarem a cabeça, elas escapam do banho paralisador, aguentando a lâmina plenamente conscientes e finalmente se afogando na água escaldante mais à frente no processo.
As galinhas abatidas geralmente acabam em produtos de frango com menor qualidade, como os triturados, ou em ração de frango para alimentação de animais domésticos ou para alimentação reversa na pecuária.
FRANGOS DE CORTE (CARNE)
Usados para alimentação
Abatidos anualmente para alimentação
Austrália: 0,6 bilhão
Reino Unido: 1 bilhão
EUA: 8,9 bilhões
Nova Zelândia: 0,1 bilhão
Canadá: 0,6 bilhão
China: 9,5 bilhões
Galinhas criadas para carne, chamadas frango de corte, são uma raça maior que as poedeiras, elaboradas por intervenção humana para rapidamente chegarem a tamanhos massivos.
Sua curta vida começa num incubatório para corte.
Apesar de tanto machos como fêmeas serem usados nesta indústria, esses incubatórios também usam trituradores… ou câmaras de gás, para aves fracas ou deformadas sem expectativa de chegarem ao peso de abate.
Os pintos sobreviventes, com alguns dias de vida, são levados para avicultores de corte.
Em 2016, havia 530 fazendas de corte na Austrália, alojando juntas a qualquer momento uma população total de algo como 90 milhões de aves.
Cada galpão aguenta de 40 a 60 mil.
Na primeira semana de vida, a taxa de mortalidade de 4-6% é normal, equivalente a entre 1.600 e 3.600 pintos por galpão, quase 200-500 diariamente.
A maioria deles é encontrada morta por funcionários, outros com aparência frágil ou ferimentos são encontrados mortos ou despejados vivos.
"Matei 465 lá" .
"Foram uns mil frangos que matei em 3 galpões" .
"Não mato só os doentes" .
"Eu mato alguns que correm" .
"mas sei que não prestam" .
"Importa se ainda tão piando lá dentro?" .
"Às vezes eles não matam direito" .
"Eu só chego e, eu pego pelo pescoço..." .
"Você sabe que fez direito porque não tem piado"
"Pescoço quebrado" .
"Não dá para piar" .
"Você sabe que fez direito porque ele não consegue piar"
Enquanto crescem, eles rapidamente ocupam o espaço disponível no galpão, vivendo em pilhas de suas próprias fezes.
A taxa de mortalidade diminui, mas mortes continuam uma ocorrência regular.
Não longe dos galpões, os corpos são empilhados e compostados.
Cruzamento seletivo, falta de exercício por sobrelotação, iluminação artificial e o uso ostensivo de antibióticos que estimulam a absorção de ração, têm resultado em frangos de corte com peso para abate de 3kg em apenas 35 dias, um aumento dramático do pico natural de 2kg em 96 dias.
Seus corpos têm grande dificuldade de lidar com tamanha pressão física, que resulta em frequentes distúrbios esqueléticos, cardíacos e metabólicos.
Dos que chegam ao abatedouro, 90% têm um porte anormal detectável.
Os galpões não são limpados durante todo o ciclo de 5-7 semanas, causando uma alta concentração de amônia que pode irritar e queimar suas peles e bloquear o sistema respiratório.
Frangos vendidos sob o rótulo humanitário RSPCA recebem um único poleiro cortando o galpão ao meio, mas, fora isso, as condições e o processo são idênticos.
Retiradas ocorrem na penumbra do calar da noite, quando as aves estão mais calmas e incapazes de ver o que está acontece.
Elas geralmente são apanhadas à mão por terceirizados e abarrotadas em bandejas de plástico.
Elas geralmente são apanhadas à mão por terceirizados e abarrotadas em bandejas de plástico.
As bandejas são então empilhadas em caminhões para transporte ao matadouro.
… depois mergulhadas no banho elétrico de atordoamento, com quaisquer aves que levantem a cabeça continuando acordadas…
… antes de terem suas gargantas dilaceradas por uma lâmina rotativa.
Um funcionário aguarda com uma faca as que escaparam a primeira lâmina.
PERUS
Usados para alimentação
Abatidos anualmente para alimentação
Austrália: 4,5 milhões
Reino Unido: 15,4 milhões
EUA: 243 milhões
Nova Zelândia: 0,2 milhões
Canadá: 21 milhões
China: 0,2 milhões
Perus de granja têm sido cruzados seletivamente para crescer tanto que eles não conseguem acasalar naturalmente, então a indústria de perus recorre à inseminação artificial, mostrada aqui numa fazenda de criação livre em Victoria, apesar de considerada prática padrão num pequeno número de incubatórios australianos.
Aves muito inquisitivas, eles crescem praticamente da mesma maneira que frangos de corte, com 10 a 14 mil por galpão, equivalente a 6 perus por metro quadrado.
Modificações genéticas e iluminação artificial para maximizar a engorda contribuem para uma taxa de crescimento em dobro à de seus equivalentes selvagens.
Eles rapidamente chegam a um peso que suas pernas não podem suportar.
Vivendo em sua própria sujeira, suas feridas podem rapidamente infectar.
A frequência de mortes aumenta com a idade e chega à média de 3-5% das fêmeas ao fim da expectativa de 12 semanas nos galpões, e 10-12% para machos ao fim de um ciclo de 16 semanas.
As aves mortas são coletadas e descartadas como lixo.
O resto delas é levado ao matadouro, onde são esmurradas, chutadas e espancadas enquanto são presas de cabeça para baixo na linha de abate.
Abatedouros menores podem usar cones individuais para matança.
4 a 5 milhões são mortos todo ano na Austrália, cuja maioria é comprada e consumida próximo ao Natal.
Para o resto do ano, ou mesmo por anos a fio, são congelados.
PATOS
Usados para alimentação, entretenimento, vestuário
Abatidos anualmente para alimentação
Austrália: 8,3 milhões
Reino Unido: 14 milhões
EUA: 27 milhões
Nova Zelândia: 0,3 milhões
Canadá: 4,4 milhões
China: 2.280 milhões
Assim como no frango de corte, trituradores ainda são usados nos incubatórios para os patinhos fracos ou deformados que não têm expectativa de sobreviver a engorda.
A criação de patos tem muitas semelhanças com a criação de frangos e perus.
Encaminhados desde o incubatório no primeiro dia de vida, os patinhos crescem em ritmo acelerado de apenas 7 semanas, alojados com milhares de outros em galpões raramente higienizados onde doença e morte são comuns.
Patos são animais aquáticos, então naturalmente têm fracas articulações nas pernas e coxas, por normalmente não precisarem sustentar seu peso corporal por períodos longos.
Com água de superfície disponível, patos flutuam por muito tempo, reduzindo a pressão em seus sistemas muscular e esquelético.
Entretanto, quando a água é negada, como na maioria das fazendas australianas (inclusive nas rotuladas como caipiras), os patos precisam sustentar todo seu peso corporal em suas pernas por até 7 semanas
- geralmente mais tempo para patos de reprodução - resultando em manqueira, luxações, e fraturas.
O cruzamento seletivo destinado ao crescimento mais rápido e à maior engorda, vinculado à formação óssea insuficiente do sistema esquelético jovem, força ainda mais estresse nas já fracas articulações das pernas e coxas.
Sem água nem para mergulhar a cabeça, os patos são incapazes de manter olhos, narinas e penas limpas, agravando o risco de doença ou cegueira.
Vivendo em sua própria sujeira e os consequentes altos níveis de amônia podem causar queimaduras dolorosas nos pés e piorar ferimentos e lesões.
Estas condições ambientais precárias e superlotação geralmente levam a doenças neurológicas em que descoordenação e tremores na cabeça e no pescoço são acompanhados por paralisia, convulsões, coma e morte.
Quando patos doentes ou feridos são encontrados por funcionários, eles são mortos por quebra dos pescoços.
Após 49 dias, eles são recolhidos em bandejas e empilhados em caminhões para seguirem até o matadouro.
Muitos não sobrevivem à viagem.
Assim como frangos e perus, patos são pendurados pelas patas na linha de abate.
O típico banho de atordoamento elétrico, mais uma vez, não é sempre eficaz, com muitas aves tendo suas gargantas dilaceradas quando ainda conscientes, eventualmente morrendo por perda de sangue ou por afogamento no tanque de escaldamento.
Em 2018, três estados da Austrália baniram o tiro recreativo de patos selvagens por questões de crueldade, mas em Victoria, Austrália do Sul e Tasmânia, a prática continua permitida durante a temporada de caça de cada ano.
A população de aves aquáticas em Victoria tem diminuído continuamente, atingindo em 2017 os menores números dos últimos 34 anos, mas a caça continua sob a justificativa do aumento de negócio para comunidades rurais ao redor dos pantanais, e pela diversão e satisfação geral dos caçadores.
Estimativas por simulações de computadores e observações de resgatadores nos pantanais indicam que os atiradores de patos deixam pelo menos tantas aves feridas e rejeitadas quanto as que matam e capturam, levando milhares de patos a sofrerem ou morrerem por ferimentos sem tratamento.
Adicionalmente, os corpos de muitas espécies legalmente protegidas, como o raro e ameaçado de extinção Pato Pintado, têm sido recuperados dos pantanais durante a época de caça, por falha na identificação dos caçadores antes de atirarem ou por atirarem neles de qualquer maneira.
Por volta de 80% das penas e enchimentos usados para vestimentas como jaquetas, sacos de dormir e roupa de cama vêm da China, onde a depenagem de patos e gansos vivos permanece uma prática comum.
Isso envolve retirar dolorosamente as penas da pele da ave, deixando ferimentos abertos e sangramentos; um processo repetido múltiplas vezes antes de serem finalmente mortos.
Mesmo fornecedores que atestam certificação sob o Padrão Responsável de Penugem têm sido descobertos praticando depenagem viva.
A fim e a cabo, não se pode saber se produtos específicos com penugem na Austrália ou em outros lugares vêm destas fazendas.
VACAS/GADO
Usados para alimentação, entretenimento, vestuário, fármacos
Abatidos anualmente para alimentação
Austrália: 8,7 milhões
Reino Unido: 2,7 milhões
EUA: 31 milhões
Nova Zelândia: 4,7 milhões
Canadá: 3 milhões
China: 49 milhões
Como humanos, vacas são seres fortemente maternais que formam fortes vínculos com sua cria e que têm que engravidar para produzir leite.
Nas fazendas de leite, elas são fecundadas à força todo ano para manterem o fluxo do leite, normalmente por inseminação artificial em vez de acasalamento natural.
Isto exige que os funcionários insiram o braço no ânus da vaca, para segurar o colo do útero enquanto a injetam com sêmen coletado de um touro.
Seus novilhos são levados meras horas após nascidos para que o leite feito para eles possa ser coletado e vendido para consumo humano.
Ao longo dos dias após a separação, as mães berram dia e noite, procurando por seus bezerros.
Sabe-se que o luto pode durar dias ou mesmo semanas.
Os novilhos machos, chamados de vitelos, são considerados inúteis pela indústria leiteira porque eles nunca vão poder produzir leite.
São isolados por cinco dias antes de serem pastoreados até um caminhão e enviados para o abatedouro.
Eles chegam a ficar sem comida nas últimas 30 horas de vida.
Famintos, confusos e desesperados por carinhos, eles gritam pelas mães nas jaulas do matadouro onde serão mortos na manhã seguinte. onde serão mortos na manhã seguinte.
Aqueles que evitam o atordoador ou que são inadequadamente atordoados são mortos ainda conscientes.
Em torno de 700,000 bezerros são abatidos anualmente, apenas na Austrália, como descarte da indústria leiteira.
Um pequeno número de machos são criados por mais tempo, até 20 semanas, para virarem carne de vitelo.
As fêmeas são isoladas, alimentadas com um substituto de leite em pó, para eventualmente se juntarem ao ciclo após serem inseminadas.
2-3 vezes por dia, as vacas lactantes são pastoreadas ao galpão de ordenha e conectadas a ordenhadeiras industriais.
Em condições naturais, elas podem viver até 20 anos.
Numa fazenda de leite, elas duram apenas 4 a 8 anos, algumas - conhecidas como caídas - sucumbem à pressão de impregnação contínua e produção de até 10 vezes mais leite que seu normal.
O resto é levado para abate quando sua produção começa a diminuir, ou quando têm feridas demais para continuar.
Prefere-se a inseminação artificial ao acasalamento também na indústria de corte.
Novilhos criados para corte estão sujeitos a vários procedimentos cirúrgicos penosos sem anestesia, incluindo amochamento ou descorna…
… etiquetagem…
… castração, ou com lâmina ou por uma prática chamada de burdizzo, na qual um elástico é apertado na base dos testículos, restringindo o fluxo sanguíneo até que eles necrosam e caem.
… e marcação a ferro em brasa.
Os que adoecem geralmente carecem de cuidado veterinário e se pioram rapidamente.
Drogas como antibióticos, anabolizantes, vitaminas e suplementos, e progesterona para manutenção do cio são injetadas… ou inseridas vaginalmente... ou oralmente.
Estas e outras rotinas mundanas como separação e verificação de gravidez exigem que o gado seja pastoreado a força pelo sistema de galpões numa jaula de contenção chamada canzil para atenção individual.
"Porra, vira, puta estúpida!" .
"Bora, bolo de merda" .
Em torno de 40% do fornecimento total de carne de vaca da Austrália e 80% da carne de vaca vendida nos principais supermercados domésticos vêm de gado que passou os últimos 10-15% de suas vidas abarrotado em confinamento árido, onde são engordados com grãos antes do abate aos 18 meses de vida.
Eles são forçados em corredores da morte, dos quais tentam escapar em desespero.
"Agora, sim!" .
"Aquieta a porra do facho, rapariga!" .
A pistola de êmbolo cativo é o método mais comum de atordoamento de gado, mas especialmente as pistolas menores são muito ineficazes contra animais tão grandes, causando apenas dor e mobilidade limitada, não desmaio.
Um rifle é uma alternativa menos comum.
Além de testemunharem os animais a sua frente serem atordoados, mortos e às vezes processados, na maioria das vezes eles são forçados a ouvir seu destino na sala ao lado.
Para vacas abatidas enquanto grávidas, o sangue dos novilhos natimortos, conhecido como soro fetal bovino ou de novilho, é de grande valor para a indústria farmacêutica, alcançando por volta de $600 o litro.
As peles de vacas e novilhos são enviados para curtumes para virarem couro, cuja maioria é exportada para o estrangeiro.
Há um equívoco comum de que o couro é um subproduto da indústria de carnes designado para redução de desperdício; é bem mais preciso dizer que é um co-produto, às vezes mais economicamente valioso que a carne, a ponto de mais e mais animais serem mortos por sua pele do que por sua carne.
Couro barato usado em sapatos, bolsas e outros acessórios também é importado até Austrália, EUA e Europa de países em desenvolvimento como Índia e Bangladesh.
Como vacas são consideradas sagradas pela religião hindu, seu abate é ilegal em 24 dos 29 estados da Índia.
Para serem legalmente abatidas para couro, elas têm que ser antes transportadas centenas de milhares de quilômetros até um dos cinco estados isentos ou até a fronteira com Bangladesh.
Dependendo da rota e do número de animais
- por vezes nos milhares - muito deste transporte pode ocorrer a pé.
No preparo, muitas têm sapatos pregados aos cascos e cordas firmemente enlassadas pelo nariz.
Exaustas, famintas e com sede, muitas colapsam ao longo do caminho, compelidas a ficar de pé quando puxam as cordas atadas ao nariz ou quebram suas caudas… quando são espancados com varas ou esfregam pimenta em seus olhos.
No resto da viagem, elas são amontoadas para entrar e para sair dos caminhões, com seus chifres espetando e arranhando umas às outras e com frequentes fraturas ósseas.
Aquelas que chegam ao matadouro são mortas na frente umas das outras sem atordoamento prévio, algumas ainda esfoladas vivas.
As peles são submergidas em produtos tóxicos comprovadamente cancerígenos ou responsáveis por doenças crônicas de pele, geralmente por crianças.
O conceito fundamental dos rodeios é controle e dominação física de seres mais fracos e vulneráveis.
Bezerros, rufiões e touros são fisicamente atiçados para o entretenimento de espectadores em uns 240 rodeios organizados por toda Austrália anualmente.
Normalmente animais bem dóceis, eles aguentam estrangulamento das caudas, cutucadas elétricas e outros abusos físicos por trás das cenas, bem como o uso de esporas de metal e rédeas amarradas no abdômen, para fazê-los “pinotear” e parecerem selvagens.
Com intensidade e risco como fatores inerentes a um show divertido, ferimentos são inevitáveis.
"Ele só tá com um pouco de dificuldade de levantar o boi nas quatro patas"
"Ele vai usar seu poder, sua força, para levantar esse boi do chão"
"Vou te falar, esse touro certamente não tá cooperando com este vaqueiro aqui, galera"
"É, vou falar para vocês, ele não quer ter nada a ver com esta competição hoje à noite.
"Nem tenha a ideia de que esses gados não são cuidados, porque eles recebem um cuidado simplemente excepcional"
Provas de laço com bezerros e bois envolvem o enlaçamento de animais aterrorizados que tentam fugir e um arranque violento na parada que geralmente resultam em machucados, fraturamento de membros, chifres e mesmo de pescoços, rompimentos musculares, hemorragia interna e danos a tecidos subcutâneos
OVELHAS/CAPRINOS
Usadas para alimentação, vestuário
Abatidas anualmente para alimentação
Austrália: 29,7 milhões
Reino Unido: 14,5 milhões
EUA: 2,3 milhões
Nova Zelândia: 24,7 milhões
Canadá: 0,6 milhão
China: 144 milhões
‘Gestação de inverno’ é a prática de inseminar ovelhas para parirem nos meses de inverno, o que significa que suas crias desmamam na primavera, quando os pastos estão mais férteis.
Apesar de permitir que os borregos cresçam mais rápido, isto resulta na morte de 10-15 milhões de borregos - algo como um em quatro - dentro de 48 horas após o parto por exposição ao frio.
Para caprinocultores, isto ainda é preferível aos altos custos de ingesta para criação em meses mais quentes.
A raça Merino, responsável por 80% da lã produzida na Austrália, tem sido seletivamente cruzada para ter uma pele enrugada que resulta em quantidades excessivas de lã e as deixa muito mais suscetíveis a infecções parasitárias (bicheiras).
Para reduzir sujeiras e o risco de bicheiras nos cordeiros que sobrevivem até o verão, comprimem-lhes ou cortam-lhes os rabos, geralmente com tosa simultânea, que envolve cortar a pele ao redor da bunda e a base da cauda com alicates.
Se os borregos têm menos de 6 meses, a lei permite fazer isso sem nenhuma anestesia.
Tosquiadores são pagos pelo número de ovelhas tosadas, não por hora, então se prioriza rapidez mais que precisão e não há requisito de treinamento formal ou certificação.
Após alguns anos, quando elas não conseguem mais produzir lã de forma lucrativa, as ovelhas são enviadas para abate e vendidas como carne, enquanto que ovelhas de corte são abatidas entre 4 e 12 meses de vida, muito menos que sua expectativa natural de 12-14 anos.
19 milhões dos 32 milhões de ovinos mortos anualmente na Austrália passam por leilões, um intermediário entre fazendas e abatedouros ou compradores particulares, onde também animais como gado, novilhos, cavalos, aves e suínos vão para pregão.
Insolação, desidratação e doenças preexistentes são causas comuns de morte em leilões.
A maioria das ovelhas são compradas por abatedouros por sua carne.
Nenhum animal entra num matadouro voluntariamente para morrer.
Novamente, o atordoamento elétrico se mostra regularmente ineficaz, causando apenas dor e aterrorizando os animais ainda mais em seus momentos finais.
O atordoamento com pistolas não é nada melhor.
"Faça o que tô mandando" .
"Fica parado, caralho!" .
"Senta, deita, rola, bora" .
"Bom garoto, cortar a cabeça agora, bora" .
"Tá fazendo o que mandei" .
Independentemente da aparente eficácia do atordoamento, é impossível saber com segurança se um animal está completamente inconsciente e imune a dor, ou se está apenas paralisado e incapaz de mover-se, enquanto ainda sente tudo.
Por medo e desespero, alguns conseguem escapar brevemente, diretamente confrontados com os corpos daqueles antes deles, antes de serem forçados de volta à fila, sabendo que serão os próximos.
CABRAS/OVINOS
Usadas para alimentação, vestuário
Abatidas anualmente para alimentação
Austrália: 2,3 milhões
Nova Zelândia: 0,1 milhões
China: 163 milhões
Cabras são criadas para leite de forma parecida às vacas, repetidamente inseminadas para garantir um fornecimento contínuo de leite.
Uma indústria de nicho na Austrália, com apenas 65 fazendas, leite de cabra é comercializado como uma alternativa mais digestível e adequada para pessoas alérgicas ao leite bovino.
Mundialmente, mais pessoas bebem leite de cabra que de qualquer outro animal.
Os cabritos, incapazes de jamais produzir leite, são geralmente considerados descarte e mortos na fazenda pouco depois do parto, enquanto as cabritas são manejadas para virarem produtoras de leite, apesar de algumas fazendas criarem e venderem os ovinos excedentes para carne.
As mães lactantes são ordenhadas diariamente duas vezes, por até dez anos antes do abate, produzindo no auge 4 litros por dia para venda direta ou para transformação em queijo, manteiga, sorvete, iogurte e sabonete.
A Austrália é o maior exportador de carne de ovinos no mundo, com a maior parte indo para os EUA.
Apenas 10% vem de ovinos paridos e manejados para carne, o resto de ovinos de pasto, uma raça selvagem originária de cabras domesticadas e fugidas de colonos europeus que as trouxeram para a Austrália.
Estes ovinos livres são capturados e transportados para confinamentos chamados de armazéns de cabras, onde são engordados antes do abate.
O envio de animais gestantes para o abate não é incomum, e inevitavelmente alguns parem nos caminhões de transporte ou nos galpões de espera pouco antes de serem forçados à sala de matança, seus filhotes deixados para trás para morrerem de fome ou exposição, gritando por suas mães mortas.
PEIXE
Usados para alimentação, pesquisa
Abatidos anualmente para alimentação: 167.200.000 toneladas mundialmente
Salmão é o peixe mais popularmente comido da Austrália, com quase 40.000 toneladas consumidas todo ano.
Eles são criados em alto mar, em gaiolas submersas, principalmente em baías nas costas sul e oeste da Tasmânia devido às águas mais cálidas.
Cada gaiola sustenta até 60.000 peixes, transferidos de um viveiro em terra aos 12-18 meses de idade.
Ao crescerem, seus espaços nas gaiolas diminuem até eles se abarrotarem.
Um estudo de 2017 sobre o salmão de cativeiro na Austrália, Noruega, Chile Escócia e Canadá revelou que aproximadamente metade dos peixes nestas fazendas são surdos como resultado das altas taxas de crescimento deformarem seus receptores auditivos.
O Porto de Macquarie, tombado pela UNESCO na costa ocidental da Tasmânia, aloja a maior concentração de viveiros no país, com três players centrais da indústria de salmão - Tassal, Huon e Petuna - todos administrando várias fazendas que consistem de até 2 dúzias de gaiolas.
De setembro de 2015 até setembro de 2016, mais de 21.000 toneladas de ração de peixe não consumida e incalculáveis quantidades de excrementos acabaram no porto
Tais níveis de poluição levaram a níveis perigosamente baixos de oxigênio na água e maiores riscos de doenças, contribuindo para grandes números de mortes dentro das fazendas.
Inúmeros casos de mortes em massa de 2015 a 2018 têm sido atribuídos a uma combinação de sufocamento por pouco oxigênio, erro humano e doença.
A maior das três empresas, Tassal, gaba-se de uma taxa aceitável de sobrevivência de 83% em todos os seus viveiros.
Após 15-18 meses nas gaiolas marítimas, quando chegam a uns 7kg cada, os salmões são sugados por um tubo a vácuo para uma embarcação de coleta onde são imediatamente mortos ou transportados vivos para tanques nas instalações de processamento em terra.
Peixes barramundis são criados em todos os estados da Austrália exceto na Tasmânia.
Nos estados mais temperados ao sul, eles são criados com milhares de outros em pequenos tanques internos.
Enquanto que, nos estados do norte, eles são criados em gaiolas marítimas similares aos viveiros de salmão ou em sistemas de açudes externos, usados também para trutas.
O método supostamente humanitário de coleta e abate de peixes de cativeiro é sugá-los para água gélida e congelá-los até a morte.
Longe de humanitário, é uma morte devagar e dolorosa, demorando às vezes meia hora para matar.
Peixes mortos para sashimi, uma iguaria japonesa que favorece o frescor, são esfaqueados na cabeça antes de terem sua veia jugular dilacerada e depois serem enfiados de volta na lama de gelo para terminar a sangria.
Lojas e restaurantes que exibem peixes vivos permitem que clientes exigentes sobre frescor escolham quais indivíduos eles gostariam mortos.
Três quartos da vida marinha consumida na Austrália é importada de outros países, dos quais os mais representativos são camarão, salmão e atum.
Traineiras comerciais puxam grandes redes pela água por trás, indiscriminadamente capturando todas as espécies em seu arrasto.
Em torno de 85% dos estoques de peixes estão sendo pescados agora em máxima capacidade ou em sobrepesca.
No ritmo atual, calcula-se que nossos oceanos não terão mais peixes em 2048.
COELHOS
Usados para alimentação, vestuário, pesquisa, domesticação
A indústria de manejo de coelhos na Austrália tem muitas adversidades.
Doenças altamente contagiosas introduzidas para erradicar coelhos selvagens, transmissíveis por insetos, podem rapidamente aniquilar fazendas inteiras, enquanto outras disputam com os preços mais baixos de coelhos selvagens capturados e mortos por caçadores.
Coelhos de cativeiro passam suas vidas inteiras em gaiolas de arame suspensas acima do chão, incapazes de praticar quaisquer comportamentos naturais como cavar, esconder e pular.
Um acúmulo de urina e fezes no chão abaixo deles gera altos níveis de amônia, que podem queimar suas frágeis plantas do pés.
Coelhas mantidas para cruzamento podem ser forçadas a viver nestas condições por até 56 semanas enquanto produzem 7 ninhadas.
A maioria dos coelhos, capazes de viver 8-12 anos, são mortos com 12 semanas de vida.
3 a 4 mil coelhos são usados para pesquisa científica e testes anualmente na Austrália, a maioria deles advindos deste estabelecimento em Victoria.
A maior parte dos produtos de peles vendidos na Austrália são importados do exterior, muito disso coletado de coelhos.
Em 2015, a marca de roupas Akruba fechou suas operações na Austrália e começou a importar pele de coelho na Europa.
A Austrália também importa peles da China, a maior exportadora de peles no mundo.
De dez criadores de peles visitados por um investigador infiltrado, metade praticavam arrancamento de pelo de coelhos vivos, um processo repetido a cada 3 meses, entre os quais os coelhos vivem em gaiolas de arame.
O esfolamento parcial gera pelo mais longo e rentável comparado a corte ou tosa.
Quando os coelhos envelhecem, eles crescem menos pelo e são finalmente pendurados e esfolados para uma coleta final
- às vezes, ainda vivos.
12 coelhos são mortos para fazerem apenas um chapéu Akubra.
No mundo inteiro, mais de um bilhão de coelhos são mortos por sua pele anualmente.
VISONS
Usados para vestuário, maquiagem
Visons, espécie de fuinhas, são uma fonte comum de pele para vestuário, acessórios e mesmo cílios postiços.
Como não há criadores de visons na Austrália, sua pele é importada do exterior.
Na natureza, elas ocupariam individualmente até 2500 hectares de habitat pantanoso.
Apesar de gerações de manejo para pele, estes animais naturalmente curiosos e solitários têm sido observados de sofrerem muito em cativeiro, abarrotados em pequenas gaiolas de arame onde fadiga crônica e estresse os levam a comportamentos repetitivos e automutilação.
Visons usados para cruzamento são mantidos nessas gaiolas por 4 a 5 anos, parindo anualmente uma ninhada de 3 a 4 crias que são abatidas e esfoladas aos 6 meses de idade.
Câmaras de gás e caixas isoladas preenchidas com escape de motor são formas comuns de matar visons, mas nem sempre letais, resultando em alguns acordando enquanto são esfolados.
"É, ele tá se mexendo, se debatendo..." .
"Se escondendo nas carcaças por ar..." .
Eletrocussão anal ou simples quebra de pescoço são alternativas comum.
"Ele ainda tá respirando" .
RAPOSAS
Usadas para vestuário, entretenimento
Depois dos visons, as raposas são o segundo animal mais criado para pele, com muitos dos mesmos problemas.
Fazendeiros chineses alegam que suas margens de lucro são tão apertadas que eles não conseguem bancar a morte de raposas com nada senão os métodos mais brutalmente eficientes, com muitas das raposas esfoladas vivas para poupar tempo e esforço.
Introduzidas na Austrália por colonos britânicos para sua tradicional prática de caça a raposas, e depois para controle da propagação dos coelhos introduzidos, raposas são agora classificadas como pragas em todo o país, com números estimados em mais de 7 milhões.
A caça e o fuzilamento de raposas em área particular é permitida em todos os estados.
Frequentemente consumido acidentalmente por espécies nativas ou domésticas como cachorros, o método mais comum de controle é o uso de armadilhas com veneno 1080 (fluoroacetato de sódio).
Este é um sal incolor, inodor e insípido que causa uma morte lenta e agonizante em todas as suas vítimas.
CÃES
Usados para domesticação, entretenimento, pesquisa, maquiagem e vestuário
Apesar de Austrália, UE e EUA terem banido a importação de peles de cachorro e de gato, investigações comprovam que pele canina e felina da China é frequentemente etiquetada como pele de raposa, coelho ou vison.
Anualmente na China, em torno de 2 milhões de cachorros e gatos são criados, roubados de suas casas ou retirados da rua, amontoados em gaiolas de arame e, às vezes, transportados por dias sem comida ou água, para serem enforcados, degolados, espancados ou estrangulados até a morte ou mesmo esfolados vivos.
Em torno de 450.000 filhotes são vendidos na Austrália anualmente.
Alguns 85% vêm de criadores clandestinos, mas, por fiscalização tácita, mesmo criadores certificados podem operar canis, produzindo filhotes tanto de raças puras como mistas para venda em lojas de bichos ou online.
Nestas fazendas, pode ser inteiramente legal manter a cadela trancafiada numa cela árida de concreto em um galpão por 23 horas do dia, repetidamente inseminada.
Elas são negados amor e companhia, tratados como máquinas de procriação.
Estes filhotes bonitinhos, vendidos por milhares de dólares, geralmente sofrem doenças ou outros distúrbios de saúde, ou dificuldades de comportamento, como resultado das condições a que foram expostos no canil e das gerações de cruzamento seletivo.
"Oi, como vai?" .
"Sim, bem. Você vai receber mais dos golden retrievers?"
"Ah, sim, salvo engano os golden retrievers vão estar chegando próximo sábado."
"Próximo sábado? Ah, OK." .
"E... de onde eles vêm? eles são de uma..."
"Nós temos nosso próprio criador." .
"São uma fazenda de filhotes?" .
"Claro que não." .
"Oh, são tão lindos!" .
"E é um bom criador?" .
"Sim, definitivamente, são registrados." .
"Então não é, tipo... Tenho ouvido coisas ruins de fazendas de filhotes...
Não é uma fazenda de filhote?" "Claro que não."
"Fazendas de filhotes, elas dão filhotes muito doentes"
"Filhotes doentes." .
Enquanto isso, estima-se que 200-250.000 cães e gatos abandonados ou de rua são sacrificados anualmente em abrigos e canis de todo o país, a maioria deles saudáveis mas desprezados.
Apesar de inúmeros escândalos divulgados anos atrás, corridas de galgos continua uma indústria enorme e poderosa de aposta e entretenimento na Austrália e ao redor do mundo.
A rápida aceleração e velocidade extrema a que estes cachorros perseguem a isca ao redor da pista inevitavelmente acaba em colisões, quedas e ferimentos, dos quais os mais frequentes são lesões musculares, rompimentos e fraturas do tarso.
Toda semana, nas pistas australianas, há relatos de até 200 cachorros feridos, com uma estimativa de 6 a 10 galgos morrendo na pista ou sendo sacrificados depois.
Galgos têm uma expectativa de vida de 12-14 anos.
Os de corrida começam suas “carreiras” aos 18 meses de idade e terminam aos 4 anos e meio.
Em Nova Gales do Sul, suas carreiras duram em média apenas 363 dias.
Entre 13.000 e 17.000 galgos jovens são mortos anualmente na Austrália.
Dos 97.000 galgos criados em Nova Gales do Sul no período de 12 anos até 2016,
50-70% ou mais foram mortos porque eram considerados muito devagar ou inadequados para corrida.
Há cada vez mais indícios que provam que estes cães são frequentemente mortos de maneiras desumanas, com treinadores preferindo a opção mais barata de tiro ou espancamento do que pagar a eutanásia em um veterinário.
Os corpos dos cães podem então ser despejados em covas de propriedade particular ou espalhadas em mata nativa.
O uso de animais vivos como isca no treinamento de galgos para caçar a presa, apesar de ilegal, tem sido identificado como habitual, com um inquérito de 2015 em Nova Gales do Sul relatando que 85 a 90 porcento dos galgueiros usam esta artimanha.
Incontáveis números de leitões, coelhos, galinhas e gatinhos aterrorizados têm sido dilacerados para ensinar animais instintivamente dóceis e sonolentos a correrem numa pista.
CAVALOS Usados para entretenimento, pesquisa, farmacêuticos, alimentação
Abatidos anualmente para alimentação:
Austrália: 101.000 Reino Unido: 19.872
EUA: 79.193 Nova Zelândia: 823
Cavalos não são esqueleticamente maduros até por volta de 5 anos de idade, mas frequentemente suas carreiras de turfe começam quando têm apenas 2 anos devido ao apelo de maior preço de prêmio e retorno mais rápido do investimento.
Isto aumenta drasticamente seus ferimentos, com até 80% sofrendo de canelite ou periostite do metacarpo.
Exames pós-corrida têm constatado uma alta predominância de sangue nos pulmões e traqueias dos cavalos, junto com crescente frequência e gravidade de úlceras estomacais no decorrer do treinamento e da corrida.
Na pista, eles são dolorosamente chicoteados para estimular mais rapidez.
Regras de corrida limitam o chicoteamento nas primeiras etapas do páreo, mas, nos últimos cem metros, quando os cavalos estão fatigados e menos capazes de resposta, não há limites, e eles são frequentemente chicoteados impiedosamente até a linha de chegada.
Corridas com obstáculos são estatisticamente 19 vezes mais perigosas que páreos, com ocorrências regulares de quedas violentas.
Aproximadamente metade dos cavalos envolvidos em corridas com obstáculos na Austrália desaparecem anualmente, silenciosamente deixando a indústria em circunstâncias desconhecidas, para nunca mais correrem ou serem vistos novamente ou mesmo mortos na pista, com telas verdes levantadas para bloquear a vista dos espectadores.
Nacionalmente, 11-12.000 cavalos de corrida são ineditamente registrados todo ano, enquanto aproximadamente o mesmo número deixa a indústria, majoritariamente por resultado de má performance, temperamento inadequado ou ferimentos.
Muitos deles acabam em centros de descarte, onde são mortos para alimentar bichos de estimação ou cachorros de corrida.
Outros acabam em um dos dois matadouros de cavalos credenciados para exportação de carne equina para consumo humano.
Cavalos também são usados em rodeios.
CAMELOS
Usados para entretenimento, vestuário, pesquisa, farmacêuticos, alimentação
Camelos foram trazidos à Austrália na década de 1800 para uso em transporte, depois soltos na natureza pela chegada dos automóveis.
Em 2008, sua população era estimada em torno de 600.000 levando o governo a estabelecer um projeto de extermínio que efetivamente diminuiu pela metade sua quantidade, principalmente pelo fuzilamento de helicópteros, mas também por pastoreio e transporte até matadouros para exportação aos EUA e ao Oriente Médio, uma prática que continua até hoje.
Por terem passado suas vidas inteiras vagando livres sem contato humano, o confinamento abrupto e o manejo forçado lhes é completamente desconhecido.
"Tá meio estressado" .
"É, tá brabo pra caralho, velho" .
"Bora pra frente, porra besta" .
Um número crescente de camelos capturados na natureza estão sendo enviados a leiteiros, uma indústria em expansão que se promove como alternativa mais saudável que produtos de leite bovino e menos dispendiosa que o extermínio aéreo.
RATOS
Usados para pesquisa, domesticação
Entre 6 e 10 milhões de animais são usados para fins de pesquisas e testes na Austrália anualmente, incluindo 1-2 milhões de ratos.
Muitas destas experiências envolvem procedimentos cirúrgicos in vivo sem anestesia, ou exposição a toxinas e doenças.
Por fim, todos os ratos sujeitos a pesquisas ou testes serão mortos, já que não podem ser legalmente liberados pelo laboratórios.
Asfixiação com dióxido de carbono ou overdose com isoflurano anestésico por gás ou por injeção são duas formas comuns de matar ratos quando já serviram seu propósito.
Hoje em dia, pesquisa científica e investigações lidam com nuances da fisiologia humana, para as quais outros animais não são modelos apropriados.
Um estudo de 2015 pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) revelou que espantosos 95% de todas as drogas consideradas seguras e eficazes em testes de outros animais acabam falhando nos testes em humanos.
A dependência acrítica em resultados de testes em animais, por desprezo por alternativas potencialmente mais garantidas com tecidos e células humanas, cadáveres, simuladores e modelos computacionais, podem ter custado a saúde e vida de dezenas de milhares de humanos… e bilhões de outros animais.
ANIMAIS SELVAGENS
Usados para pesquisa, entretenimento
Centenas de macacos, saguis e babuínos são fornecidos anualmente para laboratórios australianos de pesquisa por três estabelecimentos de reprodução financiados pelo governo.
Escondidos do escrutínio público por trás de segurança ostensiva, esses laboratórios executam uma variedade de experiências biomédicas nesses animais extremamente inteligentes antes de os descartar.
Outros primatas são mantidos em cativeiro em circos, onde são soltos do total tédio de suas jaulas apenas para entreter espectadores…
… ou em zoológicos.
Leões e tigres em cativeiro na Austrália servem o mesmo propósito, levando uma vida de tédio e frustração pelo entretenimento de fregueses pagantes.
Enquanto, aparentemente, apresentações com estes e outros animais exóticos podem inspirar admiração e diversão, poucos visitantes observam bem o suficiente para identificar as repetições no comportamento, sinais de um distúrbio psicológico comum entre todos os animais em cativeiro, chamado zoocose.
No calor tropical de Queensland, o Sea World hospeda os únicos ursos polares em cativeiro da Austrália.
Estes animais são naturalmente adaptados para as condições gélidas do Ártico e têm sido vistos, na natureza, nadando mais de 70km em 24 horas num escopo médio de viagem de 3.000 km por ano.
Aqui, eles ficam trancafiados em um recinto de aproximados 30 por 40 metros de extensão por todas as suas vidas.
FOCAS & GOLFINHOS
Usados para entretenimento
Shows de focas são uma atração popular em zoológicos, com focas treinadas para realizar truques por comida na frente de um grande público.
"E isso é garantia de que sua comida vem de um piscicultor que ajuda a proteger cardumes de peixe, empregos e o meio ambiente
Fora do palco, elas sofrem em pequenas jaulas como qualquer outro animal de zoológico, nadando constantemente em círculos repetitivos ou berrando em desespero.
Livres, sabe-se que golfinhos viajam até 65 km - 40 milhas - por dia, e estão em constante movimento - catando comida, brincando e brigando em seus grupos.
Eles compartilham sozinhos, com humanos e grandes símios, a capacidade de autoconhecimento, com evidências de intuição e empatia.
Não há cativeiro que consiga providenciar todas as necessidades comportamentais destes animais extremamente inteligentes e cognitivamente complexos.
Em torno de 80% dos golfinhos do Sea World australiano têm sido criados em cativeiros e não podem nunca ser soltos, com suas vidas inteiras gastas em performances diárias pela recompensa de comida.
Chegar no nível certo de fome antes dos shows é uma consideração crucial para uma boa performance no que é certamente a atração mais popular do parque.
Com mais de $133 milhões em entradas anualmente, menos de 1% é gasto nas tão divulgadas iniciativas de pesquisa, resgate e reabilitação.
O governo federal da Austrália proibiu em 1985 a abertura de novos criadores de golfinhos, e que os ainda em atividade deveriam ser gradativamente extintos, após receber provas que cetáceos em cativeiro sofrem de estresse, anomalias comportamentais, problemas de reprodução, altas taxas de mortalidade e expectativas de vida mais curtas, apesar de parecerem, à primeira vista, satisfeitos com suas condições.
Hoje, sobraram apenas dois estabelecimentos capazes de operação contínua por uma brecha legal que permitiu que mantivessem e exibissem animais em cativeiro, incluídos aqueles gerados por golfinhos selvagens resgatados que precisavam reabilitação e reinserção.
Esta prática de resgatar, criar e soltar permite que estes parques mantenham um patrimônio genético robusto para garantir que seus shows se mantenham e que suas portas continuem abertas.
Apesar de parques australianos de golfinhos não poderem capturar e importar golfinhos selvagens saudáveis, isto continua uma realidade da indústria de entretenimento animal em outras partes do mundo, com a cidade costeira de Taiji como um ponto comum de captura.
Todo ano, de setembro a março, milhares de golfinhos e outros cetáceos menores são encurralados numa enseada tranquila em Taiji e brutalmente massacrados por pescadores locais que os veem como fonte de renda ou como pragas.
Há evidências de treinadores de golfinhos ajudando pescadores a encurralar os golfinhos, escolhendo uns poucos para serem poupados da chacina e, ao invés, transportados para aquários e parques de golfinhos em todo o mundo.
“A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela forma como se tratam os animais”
Se a grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela forma como seus animais são tratados… o que isso nos diz da Austrália?
O que isso nos diz da Nova Zelândia?
Estados Unidos?
Canadá?
México?
Reino Unido?
Israel?
Espanha?
O que isso diz de nós, como espécie?
Em toda nossa história registrada, 619 milhões de humanos foram mortos por guerras.
Nós matamos o mesmo número de animais a cada 3 dias, e isto nem inclui peixes e outras criaturas marítimas cujas mortes são tão numerosas que só se medem em toneladas.
Mas, antes de os matarmos, precisamos criá-los …
Confiná-los e explorá-los, por comida… entretenimento... vestuário... e pesquisa.
Suas vidas inteiras, do nascimento à morte, são controladas por indústrias que só se importam com lucro.
Um império... de sofrimento... e sangue.
Pago pelos consumidores que são informados que seu tratamento foi ético.
Livre, local, orgânico.
Que suas mortes foram humanitárias, que crueldade com animais não acontece em nosso país, e que, se ocorre, nosso governo, nossos dirigentes, vão descobrir e expulsar.
E nós, como consumidores, temos pouca razão para pensar de outra forma, porque comer e usar animais é normal, nós sempre fizemos isso.
Porque os produtos à venda nas prateleiras de supermercado estão tão distantes dos indivíduos que outrora existiram, alguns brevemente, outros por anos sem adiamento.
Indivíduos que compartilham conosco e com nossos companheiros que tanto amamos nossa capacidade de amar
Felicidade.
Perda e luto.
Que compartilham conosco, nossa capacidade de sofrer.
Nosso desejo de viver, de ser livre, de ser visto não como objetos, não para a utilidade de outros, mas por quem somos como indivíduos.
Seres em nosso próprio direito, não unidade de produção.
Não estoque.
Ele, ela e eles, não isso.
A verdade é que não há jeito humano de matar alguém que quer viver.
Não é uma questão de tratamento ou jeitos melhores de fazer a coisa errada.
Gaiolas maiores, menores densidades de armazenagem, ou gases menos dolorosos.
Nós nos dizemos que eles viveram vidas boas, e que, no fim, eles não sabiam o que viria, e que não sentiram nada.
Mas eles sentem.
Em suas horas, minutos e segundos finais, sempre há medo, sempre há dor.
Os cheiros de sangue.
Os gritos de outros membros de sua espécie, com quem eles compartilharam suas vidas.
Nunca uma vontade ou desejo de morrer, mas, sim, um desespero de viver, uma briga frenética até o último suspiro.
E nunca lhes é mostrada compaixão ou bondade, e sim zombamento, ridicularização, chutes, espancamento, sacudidos como bonecos, ou enviados para um triturador porque nasceram com o sexo errado.
Tiramos seus filhotes.
Tiramos sua liberdade.
Tiramos suas vidas, enviando-nos saudáveis e plenos a um matadouro para sair como pedaços embalados do outro lado e nos dizemos que, de alguma forma, no meio do caminho, algo humano e ético aconteceu.
E, no processo, nos prejudicamos.
"A Organização Mundial de Saúde publicou um relatório esta manhã sobre os perigos da carne vermelha processada..."
Nós destruímos nosso meio ambiente, emitindo pela agropecuária mais gases de efeito estufa que qualquer outra indústria, desmatando nossas florestas e massacrando animais nativos para criar espaço para fazendas.
O gado mundial sozinho consome uma quantidade de comida igual às necessidades calóricas de 8,7 bilhões de humanos, entretanto, 1 em 9 humanos - 795 milhões - sofrem de desnutrição crônica e 844 milhões não têm acesso a água limpa, enquanto 1.000 litros são usados para produzir 1 litro de leite e 15.000 litros para 1 kg de carne.
E, ainda assim, nós seguimos justificando a pecuária, por alegar que é normal, necessário e natural.
Que o reino animal, ou algumas espécies nele, são inferiores a nós, porque carecem de nosso tipo específico de inteligência, porque são mais fracos e não conseguem se defender.
Nós acreditamos que, em nossa aparente superiodade, temos conquistado o direito de exercer poder, autoridade e domínio sobre todos os que percebemos como inferiores, para nossas próprias finalidades limitadas. É uma justificativa que já foi usada antes.
Pelo homem branco, para escravizar o negro, ou para roubar a terra dos filhos deles.
Pelos nazistas, para assassinar os judeus.
Por homens, para silenciar e oprimir mulheres.
Estamos fadados a repetir a história mais e mais vezes?
Este complexo de superioridade, este puro egoísmo, define quem somos como espécie?
Ou somos capazes de algo mais?
“Você acaba de comer, e, independentemente de quão escrupulosamente o matadouro se esconda a milhas de distâncias, existe cumplicidade.”
"Acabamos de voltar ao hotel e assistimos às sequências de hoje do matadouro com baias, com o cabrito recém-nascido, e achamos que há chance que ele ainda esteja vivo, então vamos voltar"