It's About Time We Rethink Aging | Beverlye Hyman-Fead | TEDxUpperWestSideWomen
Tradutor: Raissa Mendes Revisor: Leonardo Silva
Recebi meu primeiro diagnóstico de câncer aos 56 anos.
"Fácil de resolver", me disseram.
Meu segundo diagnóstico logo voltou pra se vingar, aos 68 anos, estágio quatro, com metástase.
Prognóstico: dois meses de vida.
Não muito fácil de resolver.
Eles queriam me submeter a quatro tipos de quimioterapia, 24 horas por dia, extirpar meu estômago, e depois mais quimioterapia.
Aquilo podia acabar comigo.
Tinha visto minha avó, minha mãe e minhas duas irmãs morrerem de câncer, e vi o que tinha acontecido ao corpo delas.
Tinha jurado que não ia deixar aquilo acontecer com o meu.
Senti que o médico queria que eu ficasse quieta ouvindo ele falar, bem-comportada, caladinha, fazendo o que ele mandasse; mas eu não ia deixar o câncer nem um médico me dizerem como eu ia viver o resto da minha vida.
De jeito nenhum; eu não.
"Preciso de outras opiniões", falei, e, nossa, como eu estava certa.
Pois, somente após passar por três médicos, é que o quarto e o quinto vieram com um tratamento experimental que salvou minha vida.
Foi aí que encontrei minha voz.
E encontrar minha voz e o tratamento experimental é a razão de eu poder estar aqui hoje à noite, aos 82 anos de idade, lhes contando minha história.
(Vivas) (Aplausos)
Esperem, ainda não cheguei à melhor parte.
(Risos)
Estou aqui esta noite, aos 82 anos, para contar minha história 14 anos depois daquele diagnóstico.
Vocês sabem bem o quanto as coisas mudaram.
Não acham que já é hora de olharmos o envelhecimento de um jeito diferente, vocês e eu?
Nunca pensei que ia ficar velha, exatamente como vocês pensam.
Mas aqui estou eu, a esta altura da vida, me perguntando sobre isso.
As coisas são tão diferentes que comemos certo, sabemos como nos alimentar.
Sabemos como exercitar nosso corpo e nossa mente.
Temos opções, remédios e tratamentos disponíveis que nunca tivemos antes.
Temos muita sorte.
As coisas eram muito diferentes quando eu era jovem.
Nos diziam para ficarmos bonitas, nos casar jovens, ter filhos logo e ficar de boca calada.
Bem, só consegui fazer três dessas quatro.
(Risos)
Vocês sabem que eu não conseguiria ficar de boca calada.
(Risos)
Mas me casei aos 19 anos, tive meus 2 filhos aos 23, e pensei que ia ser jovem pra sempre.
Mas, agora que estou em pleno envelhecimento e as coisas são tão diferentes, gostaria que todos víssemos o envelhecimento diferente.
Não precisamos parar de nos exercitar aos 60, ou 90, ou 80 anos.
Podemos fazer academia, uma coisa que eu adoro; podemos praticar ioga, podemos jogar tênis ou golfe.
Ainda adoro fazer trilha nas montanhas.
Posso não escalar até o topo, como costumava, mas consigo subir o suficiente para ouvir as endorfinas tinindo em meu ouvido.
Tomo meus sucos verdes e como minha couve e quinoa, não apenas porque devo, mas porque me fazem sentir mais forte e saudável, e eu gosto dessa sensação.
E essa sensação me faz sentir feliz.
Claro, comer uma barra de chocolate com amêndoas me faz sentir feliz também,
(Risos) mas isso é uma outra história.
Por séculos, nós, mulheres, caímos nesse papo de que temos de nos preocupar com as rugas, de que perdemos nosso poder e nossa beleza à medida que envelhecemos.
Mas isso é loucura, pois nosso poder e nossa beleza estão aqui dentro da gente.
E essas rugas mostram que vivemos anos extras.
E esses anos extras nos permitem transmitir nossa experiência para os que vêm depois de nós.
E esses que vêm depois de nós podem nos ver como professores e perceber como é legal envelhecer, o privilégio que isso é.
Há tantos exemplos de mulheres maravilhosas que não tínhamos quando eu era jovem.
Como a senadora Dianne Feinstein, que faz um trabalho incrível no Senado, com 82 anos.
A premiada atriz Cicely Tyson, ainda atuando aos 91 anos.
Carmen, a linda modelo, tão requisitada aos 83 anos, trabalhando mais do que nunca.
E a sempre adorável Iris Apfel, "fashionista" de Nova Iorque, com os seus 94 anos.
(Aplausos)
Vejo isso todos os dias quando vou a casas de repouso.
Não vejo velhinhos lá, vejo pessoas frequentando aulas de exercícios, indo a palestras, tomando uma taça de vinho à beira da piscina.
Conheci um casal lá mês passado, e eles estavam com um sorriso tão largo que tive de lhes perguntar o que estava acontecendo.
(Risos)
Eles me responderam que tinham acabado de se casar.
Eles tinham 89 anos.
Não acho que ela estivesse grávida, mas...
(Risos) nunca se sabe.
Podem acreditar, existe vida além, bem além dos 50, e depois do câncer.
Me casei novamente aos 57 anos.
Escrevi meu primeiro livro sobre o câncer aos 68.
E, logo depois, o segundo livro sobre o câncer.
Depois um livro sobre envelhecimento.
Depois comecei a dar palestras pelo país afora.
E, aos 71 anos, produzi meu primeiro documentário.
Aos 80, discursei no Capitólio.
Aos 81, me tornei ativista nas questões ligadas ao envelhecimento, em Washington.
Esta minha geração tem capítulos dois, três, quatro, e talvez até cinco, se tivermos sorte, e tenho esperança de viver todos eles.
Quando vivemos de forma saudável e fazemos escolhas saudáveis, isso se chama viver uma vida saudável, e viver uma vida saudável significa uma vida mais longa, e de forma saudável.
E, quando vivemos essa vida saudável, podemos adiar doenças relacionadas à idade por 10 a 15 anos, doenças como artrite, problemas cardíacos, diabetes.
E isso é um ganha-ganha com o governo, pois quando adiamos doenças ligadas ao envelhecimento, somos capazes de colocar dinheiro de volta na economia, trilhões, na verdade.
Então, todos saem ganhando.
Assim, o que descobri nesta jornada, a coisa mais importante que descobri, foi que a única coisa que realmente temos de perder quando envelhecemos é o medo de envelhecer.
Por isso, estou aqui na frente de vocês, aos 82 anos de idade, envelhecendo do alto dos meus saltos,
(Risos) convivendo ainda com meu câncer de estágio quatro, mas olhando otimista para o futuro, e por que não?
Tem tanta coisa ainda que quero fazer, e espero que talvez, só talvez, vocês se sintam inspirados, tão inspirados ao ouvir minha história, que comecem a ser olhar de um jeito diferente e, um dia, imaginem-se como um exemplo também.
E acho que o que estou realmente tentando dizer aqui é: será que já não é hora não só de mudar a forma de olharmos o envelhecimento, vocês e eu, mas esperar ansiosamente por ele?
E sabem de uma outra coisa?
Acho que vocês são exatamente o grupo que pode começar a fazer isso.
Então, vou deixar nas mãos de vocês.
Obrigada.
(Aplausos)